As vezes Deus acalma a tempestade. As vezes Deus acalma o
marinheiro. Muitas vezes o milagre maior está no ato de Deus acalmar o marinheiro
e não a tempestade. Às vezes tenho a sensação de que para Deus seja muito mais
fácil lidar com a natureza da criação (tempestade) do que com a natureza da
criatura (marinheiro).
Já parou para pensar nisso: Quando na hora do desespero,
perante a tempestade, caímos de joelhos clamando a Deus por um milagre, e o “acalma-te”
de Deus que vem como resposta não é para a tempestade e sim para os nossos
corações?
O problema é que o nosso clamor vai com um tutorial
ensinando a Deus como as coisas devem ser feitas. São orações que levam em seu
conteúdo um “manual técnico” especificando para Deus como responder nossos
desejos. É o marinheiro dizendo...”eu só estou disposto a navegar se o mar
estiver um tapete”. Então imagino Deus lá de cima dizendo: “Não...você não
entendeu nada do que meu Filho lhe ensinou! Onde estava a sua cabeça quando
Jesus lhe disse que no mundo vocês teriam aflições, mas que deveriam perseverar
em bom ânimo, pois Ele mesmo havia vencido o mundo?”. Fico imaginando Deus
dizendo: “Deixa esta chuva descer, deixa a onda bater no barco, deixa a
tempestade rolar...não precisa temer ela vai passar...apenas confie em
mim...deixe-me acalmar, ao invés da tempestade, o seu coração”. E enquanto isso
nós estamos no barquinho, que sacode de um lado para o outro, gritando: “Olha
eu aqui, o Senhor não vai parar esta chuva não?”
Ter paz não é ter ausência de problemas. Ter paz, a
verdadeira paz, é ter a capacidade de passar por problemas, provações,
tempestades consciente de que Deus está caminhando conosco e que não há o que
temer. Ter paz é temer a Deus para não temer circunstâncias.
O mundo está caindo ao seu redor. Talvez você esteja
gritando, lá de dentro do seu barquinho, “Senhor acalma esta tempestade”, e
Deus está respondendo, “Não meu filho, deixe-me acalmar o seu coração, deixe-me
lhe ensinar a lidar com tempestades, pois elas vem e vão e você precisa
aprender a vencê-las juntamente comigo!”. A calmaria do marinheiro não necessariamente
está na calmaria da tempestade. A calmaria do marinheiro está em Deus. É muito
mais fácil clamar pelo alívio imediato. Difícil é estar disposto a encarar a
tempestade como um processo de amadurecimento em Deus. É como disse C. S.
Lewis, para aqueles que querem um sentimento de conforto, o recomendável não é
o Cristianismo, mas sim uma garrafa de vinho do Porto. O Cristianismo não é um
estilo de vida onde o marinheiro vive em pró de estalar os dedos para Deus
acalmar tempestades e situações difíceis durante sua viagem nas águas da vida.
Cristianismo é um convite a passar pelo oceano da vida, encarando toda e
qualquer situação que suas ondas possam trazer sem perder o caráter, a bondade e
o temor à Deus. Cristianismo é o marinheiro navegando com o Criador dos mares,
trabalhando em conjunto, independentemente de qual seja a situação.
E então marinheiro...será que você não está gritando tão
alto, pedindo para Deus parar a tormenta, que não está escutando Ele lhe
responder que é tempo de você deixar Ele acalmar o seu coração e não a
tempestade?
Que o Senhor nos abençoe.
Mensagem maravilhosa e esclarecedora!!! A interpretação da vontade de Deus com sensibilidade, sobretudo, verbalizando de modo eficiente, é de fato um dom que vem de Deus, por intermédio do espírito santo, aleluia a Cristo Jesus, obrigado!
ResponderExcluir