quinta-feira, 28 de novembro de 2013

NAVEGANDO EM CALMARIA

As vezes Deus acalma a tempestade. As vezes Deus acalma o marinheiro. Muitas vezes o milagre maior está no ato de Deus acalmar o marinheiro e não a tempestade. Às vezes tenho a sensação de que para Deus seja muito mais fácil lidar com a natureza da criação (tempestade) do que com a natureza da criatura (marinheiro).
 
Já parou para pensar nisso: Quando na hora do desespero, perante a tempestade, caímos de joelhos clamando a Deus por um milagre, e o “acalma-te” de Deus que vem como resposta não é para a tempestade e sim para os nossos corações?
 
O problema é que o nosso clamor vai com um tutorial ensinando a Deus como as coisas devem ser feitas. São orações que levam em seu conteúdo um “manual técnico” especificando para Deus como responder nossos desejos. É o marinheiro dizendo...”eu só estou disposto a navegar se o mar estiver um tapete”. Então imagino Deus lá de cima dizendo: “Não...você não entendeu nada do que meu Filho lhe ensinou! Onde estava a sua cabeça quando Jesus lhe disse que no mundo vocês teriam aflições, mas que deveriam perseverar em bom ânimo, pois Ele mesmo havia vencido o mundo?”. Fico imaginando Deus dizendo: “Deixa esta chuva descer, deixa a onda bater no barco, deixa a tempestade rolar...não precisa temer ela vai passar...apenas confie em mim...deixe-me acalmar, ao invés da tempestade, o seu coração”. E enquanto isso nós estamos no barquinho, que sacode de um lado para o outro, gritando: “Olha eu aqui, o Senhor não vai parar esta chuva não?”
 
Ter paz não é ter ausência de problemas. Ter paz, a verdadeira paz, é ter a capacidade de passar por problemas, provações, tempestades consciente de que Deus está caminhando conosco e que não há o que temer. Ter paz é temer a Deus para não temer circunstâncias.
 
O mundo está caindo ao seu redor. Talvez você esteja gritando, lá de dentro do seu barquinho, “Senhor acalma esta tempestade”, e Deus está respondendo, “Não meu filho, deixe-me acalmar o seu coração, deixe-me lhe ensinar a lidar com tempestades, pois elas vem e vão e você precisa aprender a vencê-las juntamente comigo!”. A calmaria do marinheiro não necessariamente está na calmaria da tempestade. A calmaria do marinheiro está em Deus. É muito mais fácil clamar pelo alívio imediato. Difícil é estar disposto a encarar a tempestade como um processo de amadurecimento em Deus. É como disse C. S. Lewis, para aqueles que querem um sentimento de conforto, o recomendável não é o Cristianismo, mas sim uma garrafa de vinho do Porto. O Cristianismo não é um estilo de vida onde o marinheiro vive em pró de estalar os dedos para Deus acalmar tempestades e situações difíceis durante sua viagem nas águas da vida. Cristianismo é um convite a passar pelo oceano da vida, encarando toda e qualquer situação que suas ondas possam trazer sem perder o caráter, a bondade e o temor à Deus. Cristianismo é o marinheiro navegando com o Criador dos mares, trabalhando em conjunto, independentemente de qual seja a situação.
 
E então marinheiro...será que você não está gritando tão alto, pedindo para Deus parar a tormenta, que não está escutando Ele lhe responder que é tempo de você deixar Ele acalmar o seu coração e não a tempestade?
 
Que o Senhor nos abençoe.

Um comentário:

  1. Mensagem maravilhosa e esclarecedora!!! A interpretação da vontade de Deus com sensibilidade, sobretudo, verbalizando de modo eficiente, é de fato um dom que vem de Deus, por intermédio do espírito santo, aleluia a Cristo Jesus, obrigado!

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