segunda-feira, 10 de junho de 2013

JESUS CRISTO, MAIS UM MOTOBOY MORTO NA MARGINAL PINHEIROS

Nossos ouvidos, olhos e demais sentidos estão rodeados de tanta desgraça que cada vez mais é difícil ter a percepção da Presença de Deus em nossa rotina. Ao invés do homem se tornar agente da Graça de Deus, o mesmo segue insistindo na lógica da queda (desobediência à Deus) e segue vivendo como agentes da desgraça.

Isso não é uma exclusividade do nosso tempo. Se bem que nos dias atuais, com os meios de comunicação encurtando fronteiras, a percepção da desgraça veicula muito mais rápido.

Olhemos para a época de Cristo. Em sua época, morte de cruz era algo muito comum. O povo judeu já estava acostumado com esse tipo de morte. Tanto que ao se tornar massa de manobra nas mãos dos fariseus, o povo gritou “crucifica-o” como se estivesse pedindo para que um técnico de futebol colocasse em campo um craque que até então estava no banco de reservas. E detalhe, a mesma multidão que gritava “crucifica-o” era a mesma que tinha exaltado Jesus ao vê-lo entrar em Jerusalém montado em um jumentinho.

Pense: nos dias atuais, Lucas, Mateus, Marcos e João, os 4 evangelistas seriam a “grosso modo”, meio que, blogueiros, relatando os acontecimentos de fatos a um determinado assunto. No caso, relatando os acontecimentos e as reações de uma comunidade perante a um homem que se dizia ser o Deus encarnado.

Hoje, ao lermos os evangelhos, temos a luz do entendimento dos acontecimentos. Interpretamos os evangelhos com o discernimento de que os mesmos foram inspirados pelo Espírito Santo, assim como tantos outros textos das Escrituras Sagradas. Mas imagine você, na época de Jesus, sendo fruto de todos os costumes da cultura judaica, se deparando com todos os acontecimentos a olho nu, e ainda, acompanhando em uma lan house de Jerusalém, lendo o blog de Lucas (ou de João, Marcos, Mateus), será que seus sentidos estariam sensíveis à ponto de perceber quem realmente era Jesus?

Será que a notícia estampada na “Folha de Jerusalém” dizendo “3 homens foram crucificados nesta sexta feira”, seria perceptiva aos seus sentidos? Ou será que ela soaria como simplesmente um dado estatístico como uma notícia dos dias atuais “3 motoboys morreram nesta manhã na Marginal Pinheiros”?

Como nós conseguimos matar o filho do próprio Deus? Como não conseguimos identificar que Jesus era o Deus Vivo? Como alguém que só agia partindo do amor, alguém que não poderia fazer mau algum, um homem que dava a outra face do rosto quando tomava uma bofetada, poderia ser digno da Cruz!?

Ele se entregou, isto é fato. Mas em paralelo, nós o julgamos, e o condenamos. Ai nos achamos melhores que os homens relatados nos evangelhos e esquecemos que a nossa natureza é exatamente igual.

O Pastor Ricardo Gondim por diversas vezes já bateu na tecla: “Ninguém dorme bom e acorda assassino”. Em outras palavras, ninguém dorme bom e acorda mau. O homem é quem se auto permite alimentar a sua própria natureza caída. Começa com uma mentira aqui. Depois outra ali. Então passa a roubar. Vai dando vazão à sua natureza caída. Vai dando fluxo ao maligno. O processo vai seguindo. Então logo o homem se vê gritando: “Crucifica-o”. Afinal Jesus vai ser apenas mais um número nas estatísticas da “Folha de Jerusalém”. Jesus vai ser apenas mais um motoboy que morreu na Marginal Pinheiros.

O pouco de bondade que há em nós vem de Deus. É um empréstimo de Deus. A nossa natureza maligna tenta roubar esta bondade. A nossa natureza tenta sufocar esta bondade. É um processo que, diariamente, se faz presente na vida do homem. Temos que lutar contra isso. Trocar a nossa natureza pelos valores do Reino de Jesus Cristo. Trocar o nosso “eu” por Jesus. Submissão à Jesus.

Hoje, quando vemos as notícias achamos que o mau é o que impressiona. Mas de fato o mau é a lógica natural do mundo. O que é ilógico neste mundo é o bem. Nós é quem invertemos as coisas. Invertemos ao aderir a rebelião de satanás. Então achamos que o bem é a natureza deste mundo e que o mau é motivo para nos deixar espantados. Mas é justamente o contrário. O bem é que é motivo de espanto. Pois o bem é cada vez mais raro. Ele luta para se sobressair em um ambiente tão maldoso como é este em que vivemos. As notícias não chocam mais. Quando chocam, é simplesmente por uma “variável” que se fez diferente dentro da desgraça. Mas se pergunte, ao ouvir um repórter dizendo, “Bandidos matam mais um policial na zona sul de São Paulo”, você consegue perceber sua indiferença, por tanto ouvir a mesma notícia diariamente? É uma mescla de medo com o costume. O medo esta presente, mas amo mesmo tempo a sensação do “isso é a rotina de São Paulo” está presente.

O “bem” não é notícia, mas deveria ser, pois o bem é o ilógico em nosso mundo. É como alguém já disse, se torcer o jornal “diário popular” é capaz de escorrer sangue.

É por isso que esperamos a volta de Jesus Cristo, pois Ele trará Novos Céus e Nova Terra, um lugar que não haverá mais lágrimas. Um lugar que não haverá mais dor e nem choro se ouvirá. Não por que este lugar já estará simplesmente designado assim. Mas sim por que Neste Lugar Jesus estará presente. Presente explicitamente. E ali será exercida a Sua lógica de bondade em Plenitude.

Jesus não foi e não é uma estatística na “Folha de Jerusalém”. Não é mais um número nas estatísticas dos crucificados pelos Romanos. Ele é Deus. Jesus é Deus. E se nossos sentidos não estiverem perceptíveis ao agir de Cristo ao nosso redor, nos dias de hoje, estaremos cada vez mais alienados a lógica maligna do mundo.

Da mesma forma, pessoas não são simples estatísticas. Pessoas são muito mais que números impressos no jornal. Pessoas são muito mais que cifrões aos olhos de empresários. Pessoas são muito mais que dízimos e ofertas.

Pelo menos para um cristão, pessoas devem ser mais que isso. Para um cristão, todos, inclusive inimigos, devem ser tratados como irmãos.

Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós. Que Ele nos perdoe, pois ainda hoje, estamos gritando “Crucifica-o, Crucifica-o”. Gritamos isso para Jesus. Gritamos isso para o irmão que está ao nosso lado.

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