Renato Russo cantou “Pais e Filhos” para uma geração. Desta canção, gostaria de fatiar uma estrofe e usar como base para um pensamento: “Você diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais”.
Imagino que poderíamos parafrasear este pensamento da seguinte forma:
“Você diz que seu Deus não entende, mas você não entende seu Deus”
Será que seria uma grande ignorância afirmar isso!?
Em tempos onde templos e mais templos estão abarrotados de pessoas buscando um Deus que solucione os “nossos” problemas em um estalar de dedos, existe a realidade da benção (do milagre) não vir e é natural sermos tentados a dizer: “Deus não entende o meu lado”.
Sendo assim, creio ser necessário perguntar: Será!? Será que o problema está em Deus entender o nosso lado?! Ou será que o problema todo não está no fato de não entendermos o lado de Deus?
O homem acha que tem direitos à argumentar com Deus. Barganhar com o Senhor. Se esquece que o único direito que o homem tem é chamado “Inferno”. Talvez se todo pensamento humano partisse desta premissa, veríamos que não há o que argumentar e só o que agradecer, pois tudo o que vem de Deus para nós é imerecido da nossa parte. Isso se chama graça. A iniciativa de Deus fazer por nós sem que Ele leve em conta quem nós somos. É Ele ser quem Ele é independente de quem nós somos. É Deus agir primeiro, antes de nós.
Enquanto o homem está aqui, deste lado da existência, dizendo para Deus “Você não me entende”. Deus está dizendo do outro lado “Te entendo como ninguém jamais entenderá, Sou o Único que lhe entender por completo, afinal Eu lhe criei”.
Temos o desafio de entender o misterioso. Entender o mistério que deseja Se revelar. Talvez buscamos bênçãos e mais bênçãos simplesmente por não entender quem Deus é. Pois se entendêssemos quem Ele realmente é não O buscaríamos pelo que Ele pode dar ou fazer por nós, e sim pelo fato de Quem Ele é: Deus.
O problema nunca, jamais esteve em Deus. O problema sempre esteve em nós. Enquanto não entendermos isso, acharemos que “Deus não nos entende”, quando, de fato, a verdade é que nós não entendemos à Deus.
Quando isso acontecer, termos arrogantes e egoístas como “eu determino”, “meus direitos” e tantos outros sumirão do vocábulo do cristão e darão lugar à palavras de arrependimento e gratidão ao Senhor. Quando isso acontecer, Jesus deixará de ser um ídolo na vida de muitas pessoas e será reconhecido como Deus. Quando isso acontecer os templos deixarão de ser leilão de bênçãos para assumir o papel de casa de oração.
A má notícia é que tá muito mais fácil aprender japonês em braile (como diria Djavan) do que muitos cristãos entenderem isso, que o problema está no homem e não em Deus.
Que o Senhor nos abençoe expandindo cada mais vez a consciência de que somos merecedores inferno (tão somente), para que a singularidade da experiência da cruz de Jesus ecoe em nosso ser.
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