quinta-feira, 27 de junho de 2013

O SALÁRIO DA SANTIDADE É A PRESENÇA DE DEUS

Em minha “pequena” caminhada na Igreja, percebo muita gente que acha que para servir à Deus, tem que ser “perfeita”. Inclusive este fardo da “perfeição”, acaba influenciando e refletindo, até mesmo, na visão que estas pessoas tem sobre santidade. salvação, amor de Deus e tantos outros fatores importantes na caminhada cristã. 
 
 
Então creio ser necessário perguntar: será que Deus procura gente perfeita?
 
 
Esta é uma pergunta “delicada”. E responde-la é, de certa forma, caminhar sobre a linha tênue entre a ortodoxia e a heresia.
 
 
Como crer é também pensar, então vamos maquinar alguns pensamentos.
 
 
Para alicerçar uma resposta coerente com a Palavra de Deus, gostaria de primeiramente levantar um ponto: o conceito de “perfeição” é relativo. O que você enxerga como “perfeição” não é necessariamente o que Deus tem como “perfeição”.
 
 
Acredito que um bom cristão, tem como ponto de partida, de fundamento de vida, a Lei que Deus revelou a Moisés sobre a luz do entendimento da Vida, Morte e Ressurreição de Cristo. 
 
 
Agora, já parou para pensar, quem de nós é capaz de cumprir toda a Torá (a Lei revelada por Deus a Moisés)?!
 
 
Só Um Homem, em toda a história, conseguiu. Jesus, o próprio Deus encarnado.
 
 
Alguns teólogos dizem que, para você entender a verdadeira graça de Deus e a real essência do que Cristo fez por nós na Cruz, é preciso primeiramente tentar cumprir toda a Torá. Isso por que, tentando cumprir todos os mandamentos de Deus, você verá que é impossível faze-lo.
 
 
É como se a lei de Deus estivesse um “duvido” implícito pela parte de Deus. Mais ou menos assim: “Duvido você não roubar, duvido você não mentir, duvido você não matar, duvido você não pecar. E ainda, duvido você cumprir tudo ao mesmo tempo plenamente em toda sua existência”. 
 
 
Se isolarmos a lei de Deus sem ter Jesus como entendimento da mesma e tomarmos isso como parâmetro de perfeição, então podemos afirmar com todas as letras: jamais seremos perfeitos!
 
 
Entretanto, se Jesus estiver imerso no entendimento da Torá, o cenário muda. Isso por que Cristo cumpriu a lei por todos nós. E Jesus, que é Deus, fez isso em condição humana (100% homem e 100% Deus). Neste sentido, Jesus, o próprio Deus encarnado, se fez perfeito por todos nós.
 
 
Ai está a chave de entendimento da perfeição que todo o Cristão deve ter. Deus sabe que você jamais irá conseguir ser perfeito na Lei que Ele mesmo nos proveu. Mas te proporcionou um meio de alcançar esta perfeição: a Misericórdia do Santo Sangue de Jesus.
 
 
Aqui entra em cena algo extraordinário: Se só quem consegue cumprir toda a lei de Deus é perfeito, e por consequência não tem pecado. E se o salário do pecado é a morte. Jesus foi o único que conseguiu cumprir toda a lei de Deus e ter uma vida santa. Conseguiu êxito e vitória sobre o pecado pois viveu em total submissão à Deus. E tendo uma vida santa, jamais seria digno de receber como pagamento a morte. Pelo contrário, se por um lado temos a morte como o salário do pecado, por outro lado, temos como salário da santidade a vida eterna, a presença de Deus. E foi isso que Cristo recebeu. Ele não só recebeu como compartilhou esta vitória com toda a humanidade. Fez isso na Cruz se entregando e derramando o seu sangue. A consequência disso: a morte da morte na morte de Jesus.
Bom, mas como ser perfeito em Jesus?
 
 
Antes de responder esta pergunta, acompanhe esta fábula abaixo. Usarei a mesma para ilustrar alguns pensamentos:
 
 
“Um carregador de água, na Índia, levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do Senhor para quem o carregador trabalhava. O pote rachado sempre chegava com água apenas pela metade.


Foi assim por dois anos. Diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu Senhor. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição. Sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que lhe havia sido designado fazer.


Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote rachado, um dia, falou para o carregador à beira do poço: — Estou envergonhado. Quero lhe pedir desculpas.
 
 
— Por que? — perguntou o homem. — De que você está envergonhado?


— Nesses dois anos — disse o pote — eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho que leva à casa de seu Senhor. Por causa do meu defeito você não ganha o salário completo dos seus esforços.


O carregador ficou triste pela situação do velho pote, e, com compaixão, falou: — Quando retornarmos à casa do meu Senhor, quero que observes as flores ao longo do caminho.


De fato. À medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou muitas e belas flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas, no fim da estrada, o velho pote ainda se sentia mal, porque, mais uma vez, tinha vazado a metade da água, e, de novo, pediu desculpas ao carregador por sua falha.
 
 
O carregador, então, disse ao pote: — Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu Senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.”
 
 
Vamos fazer um exercício:
 
 
Jesus é o homem que carrega os potes. Nós somos o pote rachado. Imagine que o Espírito Santo seja a água.  
 
 
Nós somos imperfeitos. Temos nossas rachaduras causadas pela queda em Genesis 3. Jesus nos enche sempre com o Seu Espírito Santo. Mas as nossas rachaduras fazem com que o mesmo vaze. Mesmo sabendo que somos rachados, Jesus nos mantém em serviço. Segue nos enchendo com o seu Espírito Santo.
 
 
Veja que, ainda que as rachaduras estejam presentes, o caminho pode ser florido.
 
 
E ai vem a chave para a resposta. Jesus deseja que você, ainda que tenha rachaduras causadas pela quedam seja íntegro em tudo o que for fazer à Ele. Que siga servindo fielmente. A rachadura estará presente, pois somos potes caídos. Mas a integridade de estar ali presente também, permitindo-se encher pelo Espírito Santo, pela vontade de Jesus.
 
 
A perfeição do cristão se fundamenta em ser íntegro, consciente de que não merecemos o que Cristo fez por nós. Afinal qualquer um jogaria o pote rachado no lixo. Mas Jesus insiste em nos usar. A perfeição do cristão parte da cruz e causa a consciência de que o sacrifício de cristo nos remete ao compromisso de viver uma vida onde pecado não é mais uma escolha, e sim acidentes. Já não peco mais por seguir na lógica da queda. Mas com certeza pecarei por circunstâncias de acidentes. E quando isso acontecer, correrei para a Cruz, em arrependimento, buscando a misericórdia e o perdão de Deus. Essa é a perfeição que Deus espera de cada um de nós. Nisto consiste a santidade que Deus espera por nós. É assim que somos livres da perfeição que o homem propõe. É assim que aderimos a perfeição que Deus propõe.
 
 
"Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celestial"- Mateus 5:48
 
 
Jesus é perfeito por nós. Isso não é um convite à libertinagem. Pelo contrário, a perfeição que nós homens, recebemos por parte de Jesus, é um convite a viver segundo os valores do Reino de Deus. Um convite a sermos imitadores do Cristo. Um convite que resulta em liberdade. Liberdade em Jesus. 
 
 
Eu, você, todos nós, somos potes com rachaduras. Qualquer pessoa considera um pote rachado como inútil, e por consequência jogaria o mesmo no lixo. Jesus vai na contra-mão, insiste em nos usar e transforma as nossas rachaduras em um meio de tornar a estrada da vida mais florida.
 
 
A condição atual do ser humano caído é: “O salário do pecado é a morte”
 
 
A condição daqueles que são conscientes do sacrifício de Cristo é: “O Salário da Santidade em Jesus é a presença de Deus”.
 
 
E onde Deus está presente, o Paraíso se faz presente.
 
 
Que Deus abençoe cada um de nós, transformando nossas rachaduras em ferramentas de Seu Reino. Convertendo nossa desgraça em graça. Que Jesus de Nazaré nos auxilie a ser íntegros apesar de nossas rachaduras. Amém.

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