quinta-feira, 16 de maio de 2013

CARCAÇAS DE ARGILA

Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor:
"Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem".
Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda.
Mas o vaso de barro que ele estava formando se estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade.
Então o Senhor dirigiu-me a palavra:
"Ó comunidade de Israel, será que não posso eu agir com vocês como fez o oleiro? ", pergunta o Senhor. "Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel...”
Jeremias 18:1-6

Deus nos fez do barro. Nos deu forma, como o oleiro dá forma a um vaso. Nos moldou com todo o cuidado. Criou uma “máquina” cujo a matéria prima era a argila. Muito mais que criar esta “máquina de argila”, Deus se fez o combustível para a mesma. Nos projetou para funcionar através Dele. O “funcionar” proporcionado pelo “Combustível Deus” a nós, máquinas de argila, é o que chamamos de “vida”. Foi assim que fomos criados. Nunca fomos seres imortais. Mesmo antes da queda. Mesmo antes do pecado original, éramos mortais. O que garantia a nossa imortalidade era Deus, que se fazia de Combustível em nós.

O propósito da “Máquina de Argila” era relacionar-se com o Próprio Deus. E o alicerce deste relacionamento era o Amor. Amor que traz como consequência a glorificação e a adoração para com Aquele que nos Criou e se fez Elemento essencial para o nosso existir. Nisso consiste o projeto inicial de Deus.

Entretanto, ao se ver funcionando, o homem achou que poderia ser o seu próprio combustível. Achou que poderia ser autossuficiente. Então aquela “maquina de argila” que tinha forma e propósito, tentou funcionar com o combustível errado e foi se deformando, até se tornar simplesmente uma carcaça de argila. Foi nisso que nos tornamos. De vaso, passamos à um mero punhado de barro.

Você pode se perguntar: ora, mas punhado de barro ou pó, não da no mesmo? Afinal...ambos são ...argila!?

Lembro me de um comentário que ouvi de um amigo ao se deparar com uma notícia que relatava um ato impiedoso de um rapaz: “Este ai não tem um coração, tem um tijolinho baiano dentro do peito”. De fato é o que a maioria de nós temos no lado esquerdo do peito: um tijolinho baiano. Sim. Feito de pó. Feito de argila. Puro barro.

O barro é a matéria prima no qual o nosso corpo foi feito. Fomos projetados por um Oleiro que visava nos dar não apenas “forma”, mas muito mais do que isso: Vida.

O escritor do livro de Eclesiastes diz: “Viemos do pó e para lá retornaremos”.

Todos vão para o mesmo lugar; vieram todos do pó, e ao pó todos retornarão. Eclesiastes 3:20

A condição de “tornar ao pó” é o que conhecemos por morte. O ser humano não foi projetado para a morte. Pelo contrário, foi projetado para a vida. O que nos remeteu à condição de morte foi simplesmente o fato de insistirmos em querer funcionar com o combustível errado: nós mesmos.

Quando o combustível do nosso ser é o nosso “eu”, assumimos o papel de meras “carcaças de argila”, sem forma, sem propósito, com um “tijolinho de barro” no lado esquerdo do peito, impiedoso e duro como pedra.

Quando nos propomos a ter Deus como o combustível do nosso ser, passamos de meros amontoados de argila para “máquinas de argila”. Retomamos o propósito inicial. Passamos a funcionar corretamente. Passamos a funcionar da maneira como fomos projetados. Ao lado esquerdo do peito, o coração assume o papel no qual ele foi criado: amar, compartilhar, compadecer e principalmente: Adorar ao Senhor.

Deus é a Vida Eterna. Ao permitirmos que Ele se faça combustível de nosso ser, automaticamente damos lugar para que Ele se faça morada em nosso ser. Deus se move em nós, preenche o nosso interior. Faz isso em Sua Graça e Misericórdia. Ele é Combustível Vivo. Eternamente Vivo. Neste sentido, permitindo Ele agir...já não somos mais barro sem forma. Somos barros nas mãos do Oleiro, que não só nos da forma, mas nos preenche com o Seu próprio Espírito Santo. O Espírito Santo de Jesus Cristo. Desta forma somos conduzidos à Vida Eterna.

Muitos de nós nem sabe que é barro. Muitos de nós não tem o entendimento que somos carcaças de argilas. Deus nos convida a deixarmos que Ele nos molde...


Eu vou descer até o rosto tocar o chão
Até a alma se derramar
Até que me deixes quebrar
Eu vou descer
E quando mais baixo estiver
Rendido prostrado aos teus pés
Transforma-me
Eu vou descer à casa do oleiro
Eu preciso ser moldado de novo
Eu bem sei que sou barro Senhor
Não sou nada sem Tua presença, oh Deus
Eu vou descer à casa do oleiro
Eu preciso ser moldado de novo
Um vaso de honra Senhor
Faz de mim como assim desejares

Jesus foi o Único homem onde o Combustível de Deus funcionou em plenitude. E isto só foi possível por que Cristo viveu em plena submissão ao Pai. Somos convidados a ser imitadores de Cristo, somos convidados a buscar total submissão ao Pai, para sairmos da condição de carcaça de argila para Filhos do Deus vivo. Em Cristo, tornaremos ao pó, mas o “tornar ao pó” não será o fim...será a porta de entrada para a Vida Eterna em adoração na presença explícita de Deus...respirando o mesmo ar que o Altíssimo.

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