quinta-feira, 9 de maio de 2013

CORAGEM QUE CONSISTE EM FUGIR

E José foi levado ao Egito, e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado lá.
E o SENHOR estava com José, e foi homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.
Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava em sua mão,
José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.
E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do SENHOR foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.
E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. E José era formoso de porte, e de semblante.
E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os seus olhos em José, e disse: Deita-te comigo.
Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;
Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?
E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com ela, e estar com ela,
Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali;
E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora.
E aconteceu que, vendo ela que deixara a sua roupa em sua mão, e fugira para fora,
Chamou aos homens de sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, meu marido trouxe-nos um homem hebreu para escarnecer de nós; veio a mim para deitar-se comigo, e eu gritei com grande voz;
E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava a minha voz e gritava, deixou a sua roupa comigo, e fugiu, e saiu para fora.
E ela pôs a sua roupa perto de si, até que o seu senhor voltou à sua casa.
Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim;
E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua roupa comigo, e fugiu para fora.
E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do cárcere.
O SENHOR, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.
E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali.
E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava.
Genesis 39

Esta parte da famosa e extraordinária história de José, relatada em Genesis 39, nos trás à luz uma reflexão fundamental para lidar com o Pecado.

Ao olharmos para a atitude de José perante o assédio que o mesmo recebia por parte da esposa de Potifar, seu senhor egípicio, tiramos algumas lições importantes:

Ao vermos o primeiro contato, o convite inicial da mulher de Potifar a José para se deitar com Ela, temos uma prudente resposta de José, sinalizando que esta atitude ia em desencontro com os valores que Ele tinha em Deus.

Perceba...

Com o pecado não se dá “pano para manga” em pró de negociação. O pecado jamais aceita uma resposta que o contrarie. Ele sempre insistirá para que você se relacione com ele. Quando você se depara com um convite do pecado lhe dizendo “me use para satisfazer o seu ego”, saiba que jamais o pecado saberá ouvir um “não” como resposta.

A mulher de Potifar seguiu insistindo no convite a José para se deitar com ela. Perceba que a ideia estava plantada na mente da mulher. O pecado já havia apossado sobre o seu ego. Neste ponto, o “não” de José já não se fazia de obstáculo para que ela seguisse em satisfazer o seu prazer.

Ao chegar o momento crucial do afrontamento do pecado, onde o assédio da mulher de Potifar se consuma na ação de atacar José, temos uma das maiores lições:

Quando o pecado deseja dialogar com seu ego, a atitude mais prudente é não permitir o diálogo. Neste sentido, a atitude mais coerente é criar coragem para encarar de frente o seu próprio “eu” e crucifica-lo juntamente à Cristo.

Pode parecer contraditório o que vou dizer, mas creio no fundo do meu coração que não é. No enfrentamento contra o pecado, a atitude mais corajosa é fugir. Sim. Radicalmente. Bater em retirada. Não enfrenta-lo. Fugir para a cruz. Pois lá todo o pecado foi vencido por Cristo. Sozinhos jamais conseguimos vencer o pecado. Só em Cristo Jesus podemos vence-lo. O maior ato de coragem para enfrentar o pecado é fugir. Fugir do seu próprio ego. Correr para cruz e crucifica-lo. Neste sentido o cristão tem de ter o discernimento de que a tentação (ou provação, dependendo do ponto de visto em que se encara a situação) não é o pecado em si. A tentação se torna pecado ao aderirmos ao convite da mesma. Ao nos depararmos na “zona de tentação” temos que nos esconder em Cristo. Temos que fugir. O homem, por si próprio, sozinho, com apenas as suas próprias forças, sem Deus, jamais obterá vitória sobre o pecado.

José foi tentado. Mas não aderiu ao convite da mulher de Potifar. Ele fugiu. Sabia que era necessário fugir. Sabia que era a atitude mais prudente. Correu do seu próprio “eu”. Correu da situação. Correu para se preservar no Senhor. Deixou rapidamente a “zona de tentação”. Agiu radicalmente. Agiu prudentemente. Foi corajoso em reconhecer que o maior ato a ser feito era fugir. Fugir, não por medo, mas sim por saber o quão falho ele era. Fugir por saber que se ele desse “margem” para a situação, a tentação poderia se consumar.

Entenda, a percepção do pecado que temos jamais será igual à percepção de Deus que é plena e vai além do nosso entendimento. Da mesma forma que a força que temos para lidar com o pecado é muito inferior à força que Deus tem para lidar com o mesmo. Por isso jamais conseguiremos vence-los  se não estivermos em Cristo.

Já parou para pensar que a Cruz do Calvário é o local onde todo o pecado foi vencido. Lá a ira de Deus sobre o pecado foi derramada. E quem, além de Deus, poderia suportar a ira de Deus? Somente o próprio Deus. Por isso temos que só em Cristo temos poder para obter vitória sobre o pecado.

Maravilhoso é ver que, ainda que ao fugir do pecado, fique algum resquício que o inimigo possa usar para lhe acusar, Deus jamais abandonará um justo. Deus jamais abandonará aquele que opta por caminhar em fidelidade aos valores de seu Reino. Veja, que mesmo depois de ser acusado, mesmo depois de ter sido injustiçado por Potifar (que acreditou na acusação proferida por sua mulher), e mesmo estando pagando por algo que não cometeu a Palavra diz “O SENHOR, porém, estava com José”. Os capítulos seguintes relatam como o Senhor honrou José. Deus não o abandonou.

Seja corajoso suficiente para reconhecer que não há como vencer a maldade de nossa natureza sem Deus. Seja corajoso o bastante para se render. Seja corajoso o bastante para fugir do seu ego. Seja corajoso o bastante para crucifica-lo junto a Cristo. Ainda que este ato “crucificar o seu eu” seja exatamente a atitude “fugir” do pecado. Fugir do pecado para se manter íntegro. Fugir do pecado para que o seu ser seja uma casa limpa e em ordem para que o Espírito Santo habite.

Que cada vez mais o Senhor nos capacite a ter coragem suficiente para fugir do pecado.

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