quinta-feira, 23 de maio de 2013

POR QUE CORTAR O PEIXE?

Em um dos seus livros da série “Por que pensar não é pecado”, o Pastor Eliel Batista conta a seguinte história (relatarei com minhas palavras):

“Em uma família existia uma tradição onde as mulheres preparavam uma receita para o almoço de sexta-feira Santa. Uma receita que era passada de geração em geração. Certa vez chegou a vez de uma das jovens da família fazer a receita. Ao ler a receita, a jovem se deparou com as seguintes instruções: “Corte a cabeça e  a cauda do peixe antes de temperá-lo”. A jovem então colocou o peixe sobre a tábua de cortar e ficou olhando para o mesmo. Então começou a se perguntar: “Por que será que tem que cortar a cabeça e a cauda do Peixe?”. Encafifada, a jovem então decide pegar o telefone e ligar para a sua mãe. Ao perguntar para a mesma o por que deveria cortar estas partes do peixe, ouviu a seguinte resposta de sua mãe: “ – Filha, sinceramente não sei o por que, aprendi a receita assim e sempre fiz assim”. Não conformada com a resposta, a jovem decide ligar para sua avó. Ao questiona-la sobre sua dúvida, ouviu a seguinte resposta de sua avó: “ – Olha, não sei por que tua mãe cortava a cabeça e a cauda do peixe, mas eu fazia isso por que a minha assadeira era muito pequena e o peixe não cabia”.

Extraordinária reflexão! Ora, por que existem coisas que a gente faz simplesmente por que a gente aprendeu de uma determinada maneira. Saímos executando ações sem nos questionar o porque estamos fazendo isso ou aquilo.

Penso que agimos desta mesma maneira ao tratarmos nossa fé. Quantas orações fazemos simplesmente por ter ouvido outras pessoas fazerem? Quantas atitudes temos dentro da igreja simplesmente por que nossos pais nos ensinaram de uma determinada maneira?

A forma de assar deles não possui o mesmo tamanho da nossa assadeira. A nossa assadeira pode ser muito maior que a deles, e se não for, por que não ir atrás de uma maior?

Cortar o peixe sem se questionar pode ser simplesmente a vivência de um script religioso. Será que é nisso que o Cristianismo? Será que devemos aceitar uma determinada programação inserida em nossa mente e sair executando a mesma sem questionar o ato?

Por que muitas vezes fazemos isso? Por que nos permitimos agir desta forma?

Suspeito que talvez façamos isso por comodismo ou medo. Comodismo em seguir um script pronto entregue em nossas mãos ao invés de elaborarmos a nossa própria caminhada. Medo de questionar. Medo de ter que sair da zona do comodismo.

Crer é pensar. Crer é raciocinar. As Escrituras Sagradas tratadas como um mero conjunto de palavras não produz vida. A Palavra de Deus deve ser meditada e se preciso for, temos que dar telefonemas para perguntar o por que disso ou aquilo. Se não fizermos isso, como daremos vida à Palavra de Deus dentro de nós?

Trocar o tamanho da forma é ousar ir além do primeiro entendimento da Palavra. Trocar o tamanho da forma é ir além de orações que são tratadas como mera decorebas e repetição. Trocar o tamanho da forma é se permitir dar um passo a mais na trilha de conhecer Deus.

Mas para que isso seja possível é preciso olhar para a receita que nos passaram, questionar, meditar sobre o peixe antes de sair cortando o mesmo e se preciso for...dar todos os telefonemas necessários. No fim talvez você descubra que precise trocar de forma. Ou até mesmo, quem sabe, descubra que nem precisa cortar o peixe.

Que o Senhor permeie em nossos corações dúvidas que nos façam dar passos e mais passos em busca de conhecer ainda mais o Seu Amor e Sua Graça.

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